Azulejo

Releitura de um retrato do Azulejista Jorge Colaço - 2019

Jaque Carvalho

7/31/20252 min read

Exposição Releituras do Collaço, em Porto Muniz na Ilha da Madeira em Portugal, pela curadora Ciça Mora. Então agora vou contar um pouquinho deste trabalho que me deu muito prazer e motivação. A curadora me propôs fazer o rosto do Collaço para a exposição, mas primeiro eu tive que pesquisar quem afinal tinha sido o Jorge Collaço, pintor de azulejos muito famoso, seus painéis estão espalhados pelo mundo todo, principalmente em Portugal.

Foi bem complicado achar um retrato dele na internet, pois ele viveu de 1868 a 1942. Todos os retratos eram em preto e branco, geralmente não muito nítidos e amarelados pelo tempo, o que é bem normal. Então fiz um esboço no papel vegetal e mandei a foto para a Ciça, ela disse que não precisava fazer perfeito, com expressões poderia ser só o contorno, o que me tranquilizou bastante.

Então passei o esboço para a cartolina. Ela tinha me dito para fazer em duas cores bem claras como Bege e Branco, Cinza e Branco, nesta pegada. Mas me encantei pelo trabalho dele, os tons de azul ( ah e azulejo a palavra não tem nada a ver com a cor azul. A palavra azulejo vem do árabe e significa pequena pedra polida). Daí comecei pensar porque não homenagear o Collaço com um azulejo dele?

Foi o que fiz, recortei os feltro em azul e branco, e comecei a bordar. Não foi fácil pois nunca tinha feito um rosto, e queria fazer lindo, afinal ele iria atravessar o mar, era muito importante. Enquanto bordada tinha uma musiquinha na minha cabeça, Azul azulejo, azul de além Tejo. Então o nome tinha que ser Azulejo.

Foram dias cercada de linhas azuis e brancas, depois quis fazer uma borda com os arabescos tão comuns nos trabalhos do Collaço, escolhi um tom de amarelo para destacar, estava lindo, mas faltava uma coisa, achei que os olhos não tinham ficado destacados, achei que escolhi o tom de azul errado para o bordado do rosto, mas enfim, não dava para desmanchar. Daí conversei com a Ciça, meu anjo, que me disse para usar caneta de tecido e desenhar os olhos. Bah, pensa no medo, eu fiz mas já dizendo: Se não prestar eu não participo e pronto, já viu , com toda a minha insegurança, pegar o trabalho pronto e pintar com caneta de tecido, que não tem como apagar, foi uma provação, mas que eu amei.

Depois de tudo bordado, sempre tem a finalização, o acabamento, que sempre me dá trabalho, pois não costumo usar a máquina de costura e o fundo dos trabalhos tem que ser em tecido, pra poderem ser presos nas exposições. Neste trabalho eu fiz um caseado bem juntinho como um overlock e depois recortei bem rente a costura, ficou parecendo um retrato mesmo, com formato irregular de coisa feita a mão. Eu amei o resultado.

Saiu reportagem no jornal de Portugal mostrando a exposição.

A Exposição foi um sucesso, muita gente foi ver inclusive autoridades, todos ficaram impressionados com a riqueza da arte têxtil brasileira.